by António Carlos Castro
Entrevista ao realizador/ argumentista da longa-metragem “E Amanhã“
PF – Bruno, fala-nos de como surgiu a ideia para escreveres e realizares o “E Amanhã” ?
BC – Esta história começou a ser escrita à 5 anos atrás, tinha 19 anos e estava a frequentar o meu primeiro ano da licenciatura de cinema na Universidade Lusófona. A história primeiramente tinha cerca de 16 páginas e era apenas digamos que um conto/argumento. Depois ficou três anos na gaveta a amadurecer. À mais ou menos um ano atrás voltei a ler a história e comecei a transformá-la em guião. Foi um processo que levou mais ou menos 6 meses. Quando terminei, falei prontamente com o Pedro Barroso(actor principal), apresentei a história ele leu a primeira versão de 16 páginas e disse-me que gostava muito de ler o guião. Então a partir desse momento tudo começou a crescer e surgiu a hipótese de realizar a minha primeira longa-metragem.
PF- Diz-nos quais os realizadores que te servem de inspiração
BC – É difícil enumerar, são muitos! Mas aqueles que me inspiram mais são, Godard, David Lynch, Stanley Kubrick, Kim Ki-Duk, Nanni Moretti, Christopher Nolan, Darren Aronofsky, Lars Von Trier, Takashie Miike, Kusturika e Fellini.
PF – Alguns dos actores que entram no filme são bastante conhecidos do publico. Como foi feita a escolha dos actores?
BC- A escolha dos actores foi simples. Queriam que fossem tão jovens quanto eu no mundo do cinema. O Pedro Barroso a meu ver tem um enorme potencial e uma margem de progressão enorme e rápida se lhe for permitido e dada confiança, é uma pessoa que se interessa muito por aquilo que faz e tem sempre uma postura muito humilde e consciente para além de ser um verdadeiro aventureiro, faceta que confesso foi a que mais me surpreendeu perante os obstáculos que foi encontrando e contornando com grande mestria. A Diana Nicolau foi uma sugestão do Pedro, e como depositava imensa confiança nele aceitei o desafio e o resultado foi maravilhoso e surpreendente porque era uma desconhecida e superou as minhas expectativas. É também uma jovem actriz a ter em atenção! O João Perry, leu o meu guião confessou que gostava da intensidade da história e que estaria disposto a ajudar. Foi sem dúvida uma mais valia, motivando ainda mais toda a equipa técnica e os actores que já faziam parte do casting do filme. A Joana Fonseca Tavares conhecia-a do teatro amador, fiz-lhe o convite para o casting e acabou por ser a escolhida, sendo a primeira vez que fez cinema. A Lena Jesus, tem um pequeno papel e foi uma espécie de prenda porque estudou representação e nunca exerceu essa função porque no seu tempo não era uma profissão bem vista na sociedade portuguesa.
PF – Como foi trabalhar com um grande ator como João Perry ?
BC – Trabalhar com o João Perry foi fácil. É um actor que lê o guião e cria o seu personagem, depois questiona o realizador sobre tudo mas tudo mesmo. Chegando ao ponto de querer saber mais do que aquilo que o próprio guião nos pode alguma vez contar, confesso ser um exercício brutal e exaustivo de criatividade.
PF – Quais foram as maiores dificuldades que encontraste durante a realização do filme?
BC – Não encontrei dificuldades na realização do filme. Desde o início, todos nós sabíamos que não havia dinheiro mas existia uma coisa muito importante força de vontade e o amor pelo projecto.
PF – Estando o cinema português passando actualmente por tantas dificuldades, especialmente no que se refere a apoios, e sendo o “E Amanhã” uma longa-metragem, como foram conseguidos os meios para a produção deste filme?
BC – É verdade que o cinema em Portugal está a passar por dificuldades. É verdade também que sempre foi difícil fazer cinema em Portugal quando não tens nome e apenas contas com uma ideia que consideras boa. Portanto se continuarmos a pensar que tudo está mal e ficarmos sentados à espera que nos saia o Euromilhões, morremos frustrados. A força de vontade e o empreendedorismo têm cada vez mais de ser, um dos nossos focos na sociedade actual. Nunca ninguém deu nada a ninguém de mão beijada e as coisas não vão mudar, portanto se querem fazer filmes invistam o amor que eles precisam e sejam cientes de que o não é garantido, o resto logo se vê. Acreditar e não desistir até ao fim são as palavras de ordem.
PF – Menciona duas ou três características que o “E Amanhã ” tenha, que motive o público a assistir ao mesmo
BC– Três características que motivem o público a assistir ao filme.. Uma excelente representação do actor Pedro Barroso. Uma história muito intensa e um final surpreendente.
PF – Onde e quando poderemos ver o filme?
BC – O filme está agora a tentar ganhar currículo nos festivais de cinema independente e, de primeiras e segundas obras. Tanto a nível nacional como internacional. E amanhã logo se verá.
PF – Vais tentar a distribuição internacional ?
BC – Distribuição internacional? Sim vamos tentar tudo, dentro dos possíveis mantendo sempre os pés bem assentes no chão.
PF – Que género de filme gostarias de realizar?
BC – Há filmes bons em todos os géneros. Confesso que o thriller e o humor negro são os meus géneros preferidos mas gostava muito de realizar um série Z ao estilo Robert Rodriguez.
PF – Quais são os teus próximos projectos?
BC – Realizar uma longa-metragem por ano são os meus objectivos quanto a próximos projectos, há muita história guardada na gaveta.