by Ana Carrilho (ana.carrilho@portugalfantastico.com)
Á conversa com Anna Carvalho
Anna Carvalho nascida a 23 de Maio, trabalha como actriz, animadora e produtora em Teatro, Cinema e Televisão.
Terminou este ano o mestrado de Artes Performativas em interpretação, na ESTC e é licenciada em Audiovisuais.
Esta a trabalhar com a actriz Liliana Leite na Associação Zatara’s, que é a co-produtora da peça Death Cabaret.
” A Liliana Leite, actriz e minha amiga fundou a organização Zatara´s que é uma associação de produção artística e cultural e que actualmente se encontra a desenvolver alguns projectos”
A Anna viveu em Londres “É a minha segunda casa, fiz lá vários Cursos/Workshops, o último foi em 2010, através do actor australiano Paul Raynor.”
Os pais adaptaram-se às odisseias da Anna e apesar de não concordarem com a opção dela “não podiam proibir-me, porque eu ia na mesma.” Sorri.
Em 2008 fundou com Natacha de Noronha e Carlos Piecho o GTEATRO, companhia profissional de teatro que deixou em 2012, por motivos profissionais.
PF: Actualmente estás com uma peça em cena, Death Cabaret, o texto é original ou é uma peça adaptada de uma obra.
AC: O texto é original. A ideia foi colocada em prática juntamente com o Michel Simeão, responsável pela mostra de curtas Cortex em Sintra e do Teatro Reflexo
PF:Quando e em que espaço foi a vossa estreia?
AC:A nossa estreia foi no Teatro Turim no dia 13 de Maio de 2012.
PF:Vocês são caracterizados como polémicos, terrivelmente sensuais e voluptos. Como caracteriza a Anna, a si e aos seus colegas.
AC:Somos sensuais, por estarmos relacionado com o cabaret, e polémicos pela questão social e política que apresentamos.
PF:O trabalho e espirito de equipa foi bem sucedido?
AC:Com algumas dificuldades pelo meio, como em todos os projectos. Mas tem sido um grande desafio, enriquecedor e muito divertido. Por razões profissionais, alguns dos actores que formavam o primeiro elenco foram substituídos.
PF:Trabalhaste com a Companhia Inestética, uma estrutura financiada pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira.
AC:Sim, em três produções e digo isto com muito orgulho, porque sou fã incondicional do trabalho deles! Participei no This’s not a Fucking Happening do Alexandre Lyra Leite e trabalhei com a Rita Leite na peça Planeta das Palavras e JoanaDark. Tanto no This’s not a Fucking… como nesta última, tive o prazer de trabalhar com uma grande amiga e actriz Linda Valadas, em que interpretámos as duas a JoanaDark.
PF:Há duas Joanas…?
AC:Eu e a Linda somos a mesma Joana, mas a Linda interpreta a Joana guiada pela fé, guerreira, física e transcendente e eu a Joana sensível, mais vulnerável e desiludida com o país.
Esta Joana que nos prende com uma duração de 15 minutos, está descontextualizada no tempo e no espaço e encurralada.
Já estivemos no Teatro do Sobralinho em Vila Franca de Xira e no Teatro Rápido.
PF:Identificas-te com a Joana guerreira ou a menos sólida e mais instável?
AC:Tenho um pouco das duas, mas hoje identifico-me mais com a instável. Sinto-me mais sensível e desiludida com o que está acontecer, mas não desisto, não faz parte da minha personalidade! No fundo, é a minha Guerreira que não me deixa desistir!
PF:A representação é muito diferente de outras profissões?
AC:É diferente, porque tal como outras profissões tem características únicas e que a distinguem. É diferente, porque um actor está mais exposto ao contacto com o público e ao mediatismo. Por outro lado, não é assim tão diferente, porque tal como a Medicina ou a Advogacia, também tem de haver muito trabalho, formação, amor e claro, talento! O problema é que algumas pessoas vêm esta profissão como uma rampa de lançamento para o sucesso, o ser famoso e assim ganhar dinheiro fácil. Não estou a generalizar, mas sabemos que este factor seduz muita gente e na verdade os actores não ganham assim tanto dinheiro! É, por vezes, um trabalho precário e inconstante que só a paixão, o Amor e o carinho do público, nos dão forças para continuar a lutar!
PF:Trabalhaste com que actores mais conhecidos do público?
AC:Com a Fernanda Serrano e Virgilio Castelo no Som do silêncio, com a Inês de Medeiros no Ossos do realizador Pedro Costa, com a actriz Paula Neves no Ajuste de Contas, Sandra Faleiro no Super Pai e Dancin’Days, José Raposo no telefilme Monsanto, entre outros…
PF:Estamos a viver agora uma crise geral, na tua visão , a cultura está a ser das áreas mais prejudicadas?
AC:Sim, o público retrai-se. Nós não somos um país como Inglaterra, ainda existe muita gente que não têm o hábito de ir ao teatro com frequência. Não é um bem primário, algo que elas sintam falta, logo não gastam dinheiro com a cultura. A crise tem prejudicado muitas produções, não há dinheiro para as companhias e a bilheteira não rende. Há poucos apoios por parte das câmaras, das juntas e algumas instituições, mas não podemos desistir, ficar de braços cruzados é morrer!
PF:E “a eternidade existe eterna na nossa alma”?
AC:A eternidade existe eterna na alma das personagens do Death Cabaret, que são imortais. Mas a eternidade também existe eterna na nossa alma. Só o facto de existirmos e de nos relacionarmos com as outras pessoas, marcam a nossa eternidade. Quando nos cruzamos com alguém, deixamos uma parte de nós e muitas vezes, mudamos o trajecto da nossa vida, a vida daquelas pessoas e mesmo depois de perdemos o contacto, ou essa pessoa morrer, nós continuamos a recordar algumas das palavras, dos gestos, dos momentos vividos com ela. É por isso que eu acho que a nossa alma é eterna, porque somos marcados pela presença das pessoas (de alguma forma) e elas são para sempre recordadas!
Obrigado Anna pela tua colaboração com o Portugal Fantástico